sábado, 28 de abril de 2018

A maior solidão

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absolutode si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

* * *
Se experimentas solidão no teu dia a dia, faça uma análise cuidadosa da tua conduta em relação ao teu próximo, procurando entender o porquê da situação.
Sê sincero contigo mesmo, realizando um exame de consciência a respeito da maneira como te comportas com os amigos, com aqueles que se te acercam e tentam convivência fraternal contigo.
Se és do tipo que espera perfeição nos outros, é natural que estejas sempre decepcionado, ao constatares as dificuldades alheias, olvidando, porém, que também és assim.
Se esperas que os outros sejam generosos e fiéis no relacionamento para contigo, estuda as tuas reações e comportamentos diante deles.
A bênção da vida é o ensejo edificante de refazimento de experiências e de conquistas de patamares mais elevados, algumas vezes com sacrifício...
Não te atormentes, portanto, se escasseiam nas paisagens dos teus sentimentos as compensações do afeto e da amizade.
Observa em derredor e verás outros corações em carência, à tua semelhança, que necessitam de oportunidade afetiva, de bondade fraternal.

Exercita com eles o intercâmbio fraterno, sem exigências, não lhes transferindo as inseguranças e fragilidades que te sejam habituais.
É muito fácil desenvolver o sentimento de solidariedade, de companheirismo, bastando que ofereças com naturalidade aquilo que gostarias de receber.
A princípio, apresenta-se um tanto embaraçoso ou desconcertante, mas o poder da bondade é tão grande, que logo se fazem superados os aparentes obstáculos. À semelhança de débil planta que rompe o solo grosseiro atraída pela luz, desenvolve-se e torna-se produtiva conforme a sua espécie...
Observa com cuidado e verás a multidão aturdida, agressiva, estremunhada, que te parece antipática e infeliz.
Em realidade, é constituída de pessoas como tu mesmo, fugindo para lugar nenhum, sem coragem para o autoenfrentamento.
* * *
Contribui, jovialmente, quanto e como possas, para atenuar algum infortúnio ou diminuir qualquer tipo de sofrimento que registres.
Esse comportamento te fará muito bem e, quando menos esperes, estarás enriquecido pela afetividade que doas e pela alegria em fazê-lo.

com base no texto Da solidão, de Vinícius de Moraes, da obra Para viver um grande amor, do site www.viniciusdemoraes.com.br e no cap. 15, do livro Atitudes renovadas pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.

sábado, 7 de abril de 2018

Qualidades do Amigo

Nossos amigos são como nós, com virtudes e defeitos, mas achamos que nossos amigos são sempre cheios de defeitos.
Passamos horas inteiras falando disso, sabemos exatamente onde estão errados. 
Por outro lado, nos seduzimos facilmente com o recém-chegado em nossa vida; só tem virtudes, toma as decisões certas, e parece nos ensinar muita coisa.Isto é uma armadilha.
Na verdade, por conhecermos bem nosso amigo, o usamos para projetar nossos próprios defeitos. 
O julgamos com uma severidade que devíamos usar para nós mesmos. Nos acostumamos com a imagem que fazemos dele, e terminamos fechados para o incrível universo que uma amizade oferece.Respeite seus amigos. Eles são a maior benção que o Mundo pode te dar. 
São eles que nos educam na prática de algo muito importante: a lealdade.



sexta-feira, 6 de abril de 2018

Julgamento apressado

Uma garota segurava em suas mãos duas maçãs. Sua mãe entrou e lhe pediu com uma voz doce e um belo sorriso:

– Querida, você poderia dar uma de suas maçãs para mamãe?

A menina levanta os olhos para sua mãe durante alguns segundos, e morde subitamente uma das maçãs e logo em seguida a outra.

A mãe sente seu rosto se esfriar e perde o sorriso. Ela tenta não mostrar sua decepção quando sua filha lhe dá uma de suas maçãs que foi mordida. A pequena olha sua mãe com um sorriso de anjo e diz:

– A mais doce é essa que estou lhe dando…!

Pouco importa quem você é, que você tenha experiência, seja competente ou sábio. Espere para fazer seu ‪‎julgamento. Dê aos outros o privilégio de poder se explicar. Mesmo que a ação pareça errada, o motivo pode ser bom. 

Pense nisso!



quinta-feira, 5 de abril de 2018

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Olhar para as estrelas

O que efetivamente é permanente em nossa existência? 
O que vai durar para sempre?

Se esses questionamentos parecem fáceis de serem analisados em dias tranquilos, em dias tormentosos dificilmente eles nos chegam à mente.

Por isso, será sempre nos dias de calmaria que conseguiremos construir a certeza de que tudo é passageiro em nossas vidas.

Glórias, conquistas, tesouros, tudo se esvai com o tempo. Assim como dificuldades, dores, carências.

Atormentados com uns, iludidos com outras, comumente nos perdemos nos acontecimentos da vida, esquecendo-nos de que, efetivamente, isso tudo não é a vida em si.

Mikhail Bulgakov, escritor e dramaturgo ucraniano do Século XX, ao concluir seu romance O exército branco, escreveu:

Tudo passa – sofrimento, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando a sombra de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecidos na Terra.

Não há homem que não saiba disso. 

Por que então não voltamos nossos olhos para as estrelas? 
Por quê?

Dessa forma reflexiona o escritor sobre as coisas do cotidiano, sobre como são efêmeras, como nada perdura.

E elege as estrelas como símbolo de permanência. Também como símbolo de sonho e da capacidade de olhar além dos problemas do dia a dia, essas coisas pequenas que, por vezes, nos atormentam tanto.

Essa deve ser a proposta da nossa vida: que passemos por suas lições, que aprendamos com elas, que guardemos para sempre em nossa intimidade o que de melhor elas possam nos ensinar.

Nenhum de nós é condenado pela Providência Divina a eternos suplícios, a dificuldades intermináveis.

Deus não nos castiga nem nos impõe severas punições desnecessárias.

Na verdade, todas as situações da vida têm um propósito e acontecem como boas oportunidades de aprendizado, sejam na alegria, nas conquistas ou na tristeza.

Se o sucesso, o dinheiro, a fartura se fazem presentes, em nossos caminhos, significam oportunidades de aprendermos parcimônia, justiça, empatia e generosidade.

Porém, se é a dor a nos alcançar, seu objetivo é que alimentemos a fé, a esperança, a paciência.

Se é a dificuldade financeira que nos encontra, exercitemos a perseverança, a coragem.

Se os conflitos familiares se fazem mais intensos, são momentos para exercitar um tanto mais a humildade, a compreensão, o entendimento.

Em todas as situações há aprendizado.

Não nos percamos com os excessos que nos chegam, pois tudo passa e eles se perderão, se dissiparão no tempo.

Tampouco nos martirizemos em demasia com as dores e dificuldades porque essas também logo mais nos deixarão.

Portanto, em momentos de felicidade ou de rudes dificuldades, olhemos para o Alto.

As estrelas nos afirmarão que tudo passa, tudo se desvanece com o tempo; que somente permanecem as lições construtivas, diante das quais tenhamos tido a boa vontade de aprender ao longo da nossa jornada terrena.

E que esses aprendizados constituirão as verdadeiras e perenes estrelas que iremos colecionando, no mais profundo da alma, a fim de evoluirmos.

Por enquanto, olhemos as estrelas que nos iluminam as noites e prossigamos caminhando, firmes, aprendendo sempre, enquanto espalhamos as nossas próprias e pequeninas luzes pelas veredas da Terra.




terça-feira, 3 de abril de 2018

Minha filha por que me colocou neste asilo?

“Minha filha por que me colocou neste asilo?
Mamãe você na cadeira de rodas, eu tenho mil coisas a fazer, não dava para cuidar de você. Como poderia ficar lhe empurrando na cadeira de roda ?
Gozado minha filha, quando você nasceu, você também não andava, e eu te carregava no colo,
também tinha mil coisas a fazer, tomar conta dos seus irmãos, fazer o café o almoço o jantar, lavar roupas, entre tantas coisas…tinha um milhão de coisas a fazer, cuidava do seu pai , de tudo dentro de casa…
Depois quando você começou a andar os cuidados aumentaram , tinha que ficar olhando em cada canto de casa, para ver o que estava fazendo.
Depois veio a fase da escola eu levava e trazia você, e lá em casa cheio de coisas para fazer…
E coloquei você no colégio pago, lavava roupas para fora para inteirar para pagar o melhor colégio para você estudar…sempre pensando no melhor para você.
E quando veio a sua fase da faculdade, lembra, além das roupas, fazia salgadinho para vender nos botequins, pois era cara a faculdade, mas trabalhava muito, para você ser alguém na vida e ter um diploma, o que eu nunca tive, mas isso não me desonra.
A pensão do seu pai era pouca, eu me desdobrava em três , para sua faculdade para nunca o pagamento atrasar.
Aí você se formou. E logo casou. Saiu de casa, e pouco vinha me visitar.
Adoeci, fiquei nesta cadeira de rodas, realmente ficou difícil em casa me movimentar…
A sua solução foi esta né minha filha, me colocar neste lugar.
Onde quase ninguém vem me ver, nem mesmo poucos minutos para conversar.
É a vida minha filha…mas muitas coisas ainda vai aprender…
Só peço a Deus que seus filhos na sua velhice trate de você.
Que não lhe leve para o lugar do abandono…
Para nenhum asilo…para você não sofrer de solidão…
Vai minha filha, que Deus a proteja…
Que todos os dias e noites oro por vocês…
Não sei quando vai vir me ver…
Dê um beijo nos meus netos…que você ainda não os trouxe para eu conhecer…
Vá minha filha …Que Deus lhe dê o que há de melhor…
Pois foi Deus quem meu deu forças…nas horas que estava exausta,
Nas minhas orações Ele me fortalecia…e até hoje é com Ele que converso.
Ele para mim não é só apenas um Deus…Hoje minha filha Ele é meu único amigo. Por isso minha filha você vê uma cadeira vazia perto da minha cama, é lá que Ele senta para conversar comigo, horas…e horas…me confortar…Aliás Ele sempre me conforta. Sempre.”



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Tesouro da felicidade

Ali Rafed era um homem que se dizia feliz, vivia na Pérsia, hoje Irã. Considerava-se feliz porque amava uma mulher e com ela havia se casado. Tinha filhos e plantara árvores.

No seu conceito de fiel seguidor do livro sagrado, o Alcorão, ele fizera tudo o que uma pessoa deveria fazer em sua vida.

Certo dia, um homem, trajado com muita simplicidade, passou por suas terras e lhe pediu asilo.

Ali Rafed o recebeu, alimentou-o e o abrigou. Ao se despedir, na manhã seguinte, o pedinte lhe perguntou se ele se considerava feliz.

Como o anfitrião sorrisse afirmativamente, ele perguntou:

Tens diamantes?

Não, respondeu Ali Rafed. Nem sei o que são.

O homem sacudiu os ombros, reiniciando a sua jornada e falou: E pretendes ser feliz, se não tens diamantes e nem sabes o que são?

A partir de então, Ali Rafed se tornou angustiado. Depois de muito perguntar, alguém lhe disse que diamantes eram pedras preciosas, normalmente encontradas nas nascentes dos grandes rios, como o Nilo e o Eufrates.

Pediu, então, ao seu cunhado que cuidasse da esposa e dos filhos. Deu-lhe metade de sua propriedade e vendeu a outra parte.

Depois partiu, procurando por diamantes. Andou por terras distantes, por anos e anos. Perdeu todos os haveres que havia levado. Finalmente, morreu doente perto de Barcelona, na Espanha.

Mas, dez anos depois de Ali Rafed ter deixado sua propriedade, mulher e filhos, o homem de roupas rasgadas tornou a passar por ali.

Encontrando o novo proprietário das terras, perguntou pelo antigo e teve notícias de suas aventuras em busca das pedras preciosas.

Pediu hospedagem por aquela noite. Após o jantar, enquanto descansava em uma cadeira, na sala, o homem ergueu os olhos e foi atraído por algumas pedras maravilhosas que enfeitavam a lareira.

Aproximou-se, tocou-as e seu olhar brilhou mais que todas elas. Perguntou ao dono da casa onde conseguira aquelas pedras. Eram diamantes!!!

Ora, disse o outro, no córrego que atravessa minhas terras. Aquele mesmo onde bebem as cabras.

Quando amanheceu o dia, o homem já alcançara o córrego e descobrira a maior mina de diamantes do mundo: a mina de Golkonda, que brindou o mundo com extraordinários diamantes como o Koinorr e o príncipe Orloff.





Na ânsia de buscar felicidade, o homem, por vezes, se parece com Ali Rafed. Desconsidera o que tem nas mãos, o que usufrui e sai em busca de ilusões.

Não se apercebe que os maiores tesouros, aqueles que lhe deverão conferir felicidade, são justamente a paz de consciência pelo dever cumprido, a bênção do afeto dos familiares, o trabalho que lhe propicia o prazer de autossustentar-se, a possibilidade do estudo e da experiência bem vivida.

Felicidade, em verdade, não é ter coisas, mas é um estado de tranquilidade íntima e paz de consciência.